13 de maio de 2009

Sinal Vermelho

Trintêcinco segundos
Pra pensar na vida
é o tempo que a vida me dá.

Não dá.

Um menino que mal perdeu o
desengoçar dos treze anos
bate no vidro:

- O tio hoje não quer jornal.

Ele veste uma camisa de escola
particular toda surrada, mas
Nem deve saber ler.

Ele, caso soubesse, teria uma pitada a mais
de ilusão na vida bandida, mas
Nem deve saber disso.

Vende fabulações a gosto do cliente,
sempre mais ou menos vagabundas
e com cara de játevi,
alteram, apenas, protagonistas entre
leões, Lagos, Palácios, Castelos
e Guerreiras.


Paulo César di Linharez


4 comentários:

M. A. Cartágenes disse...

É um ciclo vicioso que não se dá atenção. Meio que pra manter a hierarquia do que realmente acontece e como acontece. Um eterno passe e re-passe de bola (bola-problema).

Mas ainda acredito que essa frase "O tio hoje não quer jornal" ainda vai ser ocoada de 4 em 4 anos, e assim por diante. Não é pessimismo, simplesmente o não cumprimento duma obrigação geral, ou seja, de todos.

E não é falso heroismo nas minhas palavras, eu mesmo faço pouco caso do menino com camisa surrada de escola particular e de outros(as) tantos(as) como ele(a).

Paz, bom texto!

Cláudio Martins disse...

Crítica perfeita!!

Li essa última estrofe um bilhão de vezes ^^

Davi Machado disse...

Sentença...
seriam anjos invisíveis?
reflexo de certa/errada indiferença...

muito interessante este poema!!
parabéns!

Mery Gatto disse...

Isso é lindo!!!!!
Adorei!
Simplório e complexo... a perfeição de vivência!
Obrigada por compartilhar isso.
Maravilha!