31 de março de 2011

Censurado

Dilacerado o sentido
cru da existência,
ornada a chamada
vida pelo pretenso
- e no entanto fátuo –
cintilar das pétalas de
orquídeas miseráveis
– pelo vislumbre
de uma paisagem cujos
contornos se dissolvem
ao tato.

Não é espantoso
perceber que o canto
fatigado se dissipa
entre as muitas vozes
que o entoam
- e que o calam:
o alarido permanece.
E em seu ruído,
o desespero, pronunciado
em alegorias e em falsas verdades.

O alarido permanece.
E em seu ruído,
a ruína de toda uma nação.