14 de novembro de 2009

Ludovicense

Em teus becos
e em tuas navalhas
encharcadas de sangue
sempre fresco, São Luís,
adormeci, sonhei e te
criei num punhado de pó
soprado ao vento.

(Da minha cama,
as prostitutas nas esquinas,
os vagabundos nos sinais...)

A cola e o craque
te consumiram em
lento deleite: afogaram
os teus mares, roubaram
o teu Boi-Bumbá.

Perdi-me uma vez
entre as tuas lendas,
teus poetas e tuas
belezas... E agora,
São Luís, e agora?
Agora,
fácil é perder-se
na vertigem das
mazelas que deflagram
a miséria em cada
rua que te corta,
te destrói e que te forma.

A Cidade sobreviverá?
Ou só a sombra do que
um dia fora?

São Luís há de ter salvação...
e dissolver no tempo
a maldição que lhe fora
rogada, sob a égide
de seu povo, calcinado
nas lápides das antigas oligarquias...

3 comentários:

Angela Viana disse...

tocante e realista...também ainda acredito que um dia essa cidade vai pra frente. Um dia.

Rodrigo Ramirez Echegorri disse...

É bem triste o relato que você passou sobre um lugar tão rico de cultura, como São Luis, que hoje mal se reconhece. Espero que seja a "Fênix do Nordeste" e renasça, para mais uma vez ser a cidade das letras.

Parabéns.

Gildson Souza disse...

Uma bela crítica sem tirar a beleza da cidade.
Parabéns.