1 de abril de 2009

Uma homenagem a um Salvador.

Às vezes esqueço
Que sou branco
E possuo os cabelos lisos.

Minto ser negro.
Não sou.
É vontade de ser.
Vontade de ter pelo o que lutar.

Luto
De luto
Pelos milhares de escravos
Pelas milhares de mortes
Pelo inexprimível sofrimento
Da minha raça irmã
Da raça do meu Irmão
Que é a mesma raça minha
A raça Humana.

Luto carregando a culpa dos meus antepassados
Em meus ombros.
Luto pela igualdade destruída,
Anulada
Pela brancura da pele
E ferrugem do sorriso.

É vontade de ser.
De ser
Grande.
De ser
Conhecimento.

Vontade de ser como
O maior homem que conheci:
Era um grande homem grande negro
Que iluminou meus passos
No caminho mais obscuro
Mais tortuoso
Pelo crescimento intrínseco
Invisível
Íntimo.
Negro espelho onde me espelhei.
Negra seria minha sombra num dia de sol,
Mas sou eu a sombra dele,
Mesmo na noite.

O negro que mede dois metros e dois
E, contudo, tem um tamanho,
Bem possivelmente, infinito.
Infinito.


Paulo César Corrêa di Linharez,
Entende o inefável carinho que tenho por ti
E com carinho guarde as palavras que a ti dirijo.
Pois se hoje sou pequeno
Foi porque ao teu lado já muito cresci.
Obrigado.


Solitude.

5 comentários:

serra de alencar, gabriela disse...

Tu escreves muito bem!

Jéssica Mendes disse...

Emocionei aqui :')

Paulo César di Linharez disse...

Caramba, rapaz, tu postou esse texto! Eu já te falei sobre ele, é lindíssimo mesmo. Mas falo de novo - tu tem luz própria. E eu não sou nem um astro que possa emitir alguma...

Brigado!

Unknown disse...

Eu sou preta u.u

Aura Sacra Fames disse...

Realmente belo, são várias as acepções depois da leitura.



Abraço
aurasacrafames.blogspot.com
Por uma sociedade diferente!