6 de março de 2009

Reflexões acerca de um homem que anda de chapéu de palha na rua

Sob o sol escaldante das três-da-tarde anda o andarilho.
Vagabundo de chapéu de palha e livro aberto nas mãos.
Ele lê.
E sobre as páginas caem gotas de suor.
Gotas de suor que rolam de sua testa ao queixo para, por fim, desabar sobre o papel.
E o andarilho anda.
E habilmente ignora os fatos
E os olhares que são voltados a ele.
Por quê?
Porque sim.
‘Porque sim’ não é resposta.
O andarilho só anda.
E vai andando por não ter dinheiro para pagar a passagem do seu ônibus.
Gastou tudo no chapéu.
Valeu a pena?
'Tudo vale a pena quando a alma não é pequena.'
Ou não.
Ninguém sabe.
Eu vi o andarilho chegar onde queria chegar.
Suado, cansado, sujo, com sede e com fome.
O andarilho chegou onde queria chegar...
Sim, isso nem o Ninguém que sabe pode negar.


Solitude.

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