28 de outubro de 2009

Vale Festejar

Abriram-se
as portas
da casa
de Nagô.
Serpente,
acorda,
que o dia
já raiou.
Pega pandeirão,
zabumba, matraca...
Vai começar
o Bumba-Boi.
Depois, Tambor
de Crioula,
Dona Teté
e o seu
Cacuriá.
Se é festejo,
vale festejar.
Vamos celebrar
o bater de asas
dos novos
Pássaros
que nascem,
cujos piados,
assovios,
unem-se
num canto
único – concerto
que emudece
a Alvorada
e, finalmente!,
no Maranhão,
acorda
o Amanhã.

22 de outubro de 2009

Ah não, Bandeira!

Um cambaleante toxicômano,
talvez um ébrio habitual,
me catequize o novo dialeto.
Fecho os livros, os olhos...
RELATIVAMENTE INCAPAZES!
Minha’lma sim!,
vê um homem
afogado em sua desgraça.
Sem flores ou floreios.
Desgraça.

Nada como a desgraça em Chico, não?
Doce e lírica...

Mas se bem me parece,
o homem antes mergulhara
numa garrafa antilírica.
E tanto ajudava o motorista ao acelerar brecar bruscamente...
E tão amargos eram os risos ecoantes quando se desfigurava no piso imundo...
Aonde leva a condução?
Desequilibrados! Desequilibristas!
Todos rumo ao mesmo destino.

Ah não, Bandeira,
minha’lma insiste em ver homens...
Desgraça!

15 de outubro de 2009

Surra de chicote

Se em discurso a meus amigos
lhes peço um novo matiz
para repintar o mundo,
por favor, o colorido
de uma tintura forte,
pra limpar essa sujeira,
sou logo recriminado.
Caso fale em maldição
soará exagerado?

Que hei de dizer, então,
dumas duas chibatadas
que o bom rabo de tatu
a esse Preto beiçola
me serão presenteadas?
Deixar de querer ser besta
e esquecer essa história?

Me parece sensatez
ao menos findar debate.

7 de outubro de 2009

Filhos da puta

Tá tudo
errado
quando
dizem
certo
O futuro
no chão
um livro
aberto:
as folhas
rasgadas
mastigadas
As letras
palavras
vomitadas.

Nos palanques
tribunais
nas
catedrais
pessoas boas
são sempre
marginais
Cuspindo
merda
estão
os filhos
da puta
os malditos
filhos
da maldita
puta.

Pior
saber
que o
ciclo
não tem
fim...
Tem sempre
uma puta
parindo
por aí!